Alex e a Teoria Queer: desestabilizando certezas e provocando novas percepções

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa, a partir de uma revisão crítica da literatura sobre a intersexualidade e análise do filme XXY, levantar discussão referente à aquisição da identidade de gênero e o desempenho do papel de gênero, propondo-se a teoria queer como base teórica para a “não-escolha” ou a negação em se enquadrar em padrões pré-definidos.
XXY, de Lúcia Puenzo é uma produção Argentina de 2007, com 86 minutos de duração. É o primeiro filme da autora que faz sua estréia como diretora e roteirista. O roteiro baseia-se no conto Cinismo (Anexo A) de Sérgio Bizzio publicado no livro Chicos em 2004. 1
O filme conta a história de Alex, uma adolescente, nascida em Buenos Aires. Ela é filha única de uma gravidez não planejada, muito amada por seus pais que tentam protegê-la de qualquer coisa que possa machucá-la.
Desde a gravidez de Suli os médicos desconfiaram que havia algo de “diferente”, Alex nasceu com a genitália masculina e feminina. Os médicos queriam operá-la, mas Kraken foi contra e convenceu a Suli aque nãoo permitisser que fizessem nada com ela.
Após o nascimento de Alex a família se muda para Punta Del Este, litoral do Uruguai na intenção de se afastar das opiniões de pessoas que julgam ou olham o caso de Alex como uma aberração e opinam sobre o que seus pais devem ou não fazer. No conto de Bizzio, Alex é descrita como tendo um defeito muito perturbador, que não é notado quando se olha para ela. Alex, uma jovem de 15 anos nasceu com “os dois sexos”. No filme seu pai Kraken conta a Ramiro: i2

“Desconfiaram antes dela nascer. Queriam uma autorização para filmar o parto... Por ‘interesses médicos’ e para informar ao Conselho de Ética. Dissemos não para tudo. Alex nasceu azul, demorou 40 segundos para respirar. Dois dias depois queriam operá-la. Disseram que não se lembraria de nada, só ia ficar as cicatrizes. Suli estava assustada. Eu a convenci a não fazer nada. Ela era perfeita. Desde o primeiro momento que a vi... Perfeita!” (XXY,