Adolescencia

TEORIA E ENTREVISTA

INTRODUÇÃO

Segundo Phillipe Áries (1986), a adolescência é um fenômeno historicamente novo, de não mais de 200 anos. Foi o capitalismo pós-Revolução Industrial quem trouxe à baila esta representação de uma fase específica do ciclo vital, delimitada entre o início da puberdade e o ingresso ativo na vida social. A adolescência da idade contemporânea é, sobretudo, o período preparatório para a vida adulta, esta sim melhor caracterizada pelos dois parâmetros definidos: o trabalho e o casamento (1). Tempos atrás, a adolescência era apenas uma sala de entrada do mundo adulto e se confundia com a puberdade (11 – 13 anos).

O termo adolescência vem de adolescentia, que significa período de crescer, de desenvolver-se. Está implícito no significado que é um período conflitivo ou de crise, um processo de mudança. Françoise Dolto (1990) descreve esse período como um purgatório, similar a um sofrimento do parto, de um segundo nascimento psicológico.

Nas sociedades tribais primitivas havia normas rígidas para os ritos de passagens.

Entre os Krahô, população indígena de 300 índios que habita uma região entre Goiás e Mato Grosso, a adolescência dura um só dia. Anualmente realiza-se um ritual de passagem, onde os jovens índios enfrentam uma dura prova: escolher uma árvore, a mais alta que encontrarem cortarem-na e a mergulharem no rio, para que pese mais. Depois, carregá-la, selva adentro, por alguns quilômetros, e tentar chegar antes na aldeia, porque os primeiros colocados adquirem o direito de escolherem suas noivas. As moças, lindamente ataviadas, esperam por seus guerreiros, e em geral, aceitam casar-se com os primeiros colocados, porque estes demonstraram sua força e coragem. Para aqueles competidores que não conseguiram completar a prova o que resta é esperar o próximo ano, e tentarem novamente. Aos vitoriosos, além da noiva, o direito de passarem a caçar e a defender a tribo, ou seja, os atributos da vida adulta. Portanto, entre os