Aboliçao da escravatura

Antônio Bezerra de Menezes
Ainda no vigor do período escravagista foram promovidas muitas campanhas abolicionistas no Ceará, lideradas por João Cordeiro, líder do movimento abolicionista no estado que, ao lado dos igualmente bravos Antônio Bezerra e José do Amaral, lutaram para libertar, pelo menos o Ceará, da vergonha da escravidão. Esses lideres sempre tiveram o apoio e o carinho do povo. No íntimo, grande parte do povo cearense nunca foi muito admirador de escravizar os seus semelhantes e a prova disso é que muitos senhores de escravos libertaram os seus negros ainda antes de 25 de março de l884, data em que o governo cearense decretou, definitivamente, a libertação dos seus escravos, contrariando à Corte do Império. A primeira ação prática e drástica para acabar com a escravatura, foi de Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde e que depois seria chamado de Dragão do Mar. Importante mercador de escravos, foi convencido pelos abolicionistas e comprometeu-se que nunca mais embarcaria nenhum escravo para o Ceará e nem permitiria que ninguém o fizesse, em 30 de agosto de l881. Com a atitude do mercador, tornou-se impossível receber ou embarcar escravos no porto do Ceará. Por esse gesto heróico, Nascimento foi cognominado de Dragão do Mar, nome que hoje é dado a um centro de cultura e a uma rádio de Fortaleza. No dia 1° de janeiro o município de Acarape proclamou a abolição dos escravos dentro de seus limites (1883). Com esse movimento, pioneiro no Brasil, Acarape passou a chamar-se Redenção.

5.1.2 A extinção da escravidão no Ceará e o movimento abolicionista
Com a proibição do tráfico atlântico, em 1850, o Ceará passou a exercer papel relevante no tráfico interno de mão-de-obra escrava, atendendo à demanda dos centros da produção econômica do país, notadamente das regiões sul-sudeste. Trata-se aqui do tráfico interprovincial.
‘Na realidade, o Ceará, ainda era, em 1880, um empório do comércio nordestino de escravos (entre 1871 e 1881, mais de 7.000