301 703 1 SM
Maria da Conceição Auxiliadora de Paiva e Maria Luiza Braga
Recebido 15, jun. 2006/Aprovado 20, ago. 2006
Resumo
Este artigo investiga a emergência da locução conjuntiva por causa (de) que no português do
Brasil, baseando-se em um corpus constituído por dados coletados em 64 horas de entrevistas com falantes cariocas (Amostra 80). Inicialmente coteja as orações complexas formadas pela vinculação de uma oração efeito a uma oração de causa introduzida por porque, conectivo prototípico de causa, às orações que apresentam o SPrep por causa de com relação às seguintes variáveis: posição, transitividade e tempo do predicado verbal, tipo de informação introduzida pelo segmento de causa. A seguir, considera as orações encabeçadas por por causa (de) que mostrando que elas compartilham as propriedades exibidas tanto pelas orações prototípicas de causa quanto pelos SPrep por causa de: tendem a introduzir informação nova, a apresentar verbos de estado no presente do indicativo e a ocorrer pospostas. A diferença entre elas e as orações prototípicas concerne ao fato de que as orações com por causa de que são empregadas apenas no nível representacional enquanto que aquelas iniciadas por porque podem, também, estabelecer relações em dois outros níveis, o das relações epistêmicas e dos atos de fala.
Palavras-chave: gramaticalização, conectores, relação causal
Gragoatá
Niterói, n. 21, p. 73-86, 2. sem. 2006
Maria da Conceição Auxiliadora de Paiva e Maria Luiza Braga
O português brasileiro dispõe de uma grande variedade de conectores para a expressão da relação de causalidade, que diferem quanto à sua freqüência e contextos discursivos. Coexistem com o conector prototípico porque, assim como com a sua forma reduzida que, exemplificadas em (1) e (2), o conector como e as locuções conjuntivas como visto que, dado que, já que, para citar apenas as mais freqüentes (Cf. NEVES, 2000).
(1)
Ela falou que não gosta de dar