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10643 palavras 43 páginas
27(1):127-150 jan./jun. 2002

GOVERNO, SUBJETIVAÇÃO E
RESISTÊNCIA EM FOUCAULT
Lisete Bampi
RESUMO – Governo, subjetivação e resistência em Foucault. Neste ensaio, discuto as idéias centrais, desenvolvidas por Michel Foucault, referentes à perspectiva do governo, e os deslocamentos teóricos em suas pesquisas que conduziram a esta noção.
Problematizo o conceito foucaultiano de poder em suas relações com a resistência e a dominação. Ao analisar as noções de poder e resistência, em fases distintas da produção de Foucault, estabeleço algumas conexões entre o seu pensamento e o de Gilles
Deleuze.
Palavras-chave: Foucault, governo, Deleuze, resistência, subjetivação, liberdade.
ABSTRACT – Government, subjectivation and resistance in Foucault. In this essay
I discuss the central ideas developed by Michel Foucault regarding the perspective of government, and the theoretical shifts in his investigations, which led to this notion. I discuss the Foucaultian concept of power in its relation with resistance and domination.
When I analyse the notions of power and resistance, in different stages of Foucault’s production, I establish some connections between his thought and the thought of Gilles
Deleuze.
Key-words: Foucault, government, Deleuze, resistance, subjectivation, freedom.

A noção de governamentalidade aponta para a distinção das mentalidades particulares, das artes, dos regimes de governo que emergiram no início da
Europa moderna. Tal noção refere-se a regimes específicos de governo, às formas pelas quais governamos e somos governados, bem como à relação entre o governo do Estado, dos outros e de si mesmo. Procura distinguir mentalidades, artes e regimes de governo envolvidos na produção de práticas e tecnologias específicas. Já o termo governo é utilizado de um modo mais geral, referindose a qualquer forma – mais ou menos – calculada e racionalizada de direção das condutas.
Por volta de 1990, começaram a surgir produções tratando do tema da
governamentalidade.

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