o PT e a democracia

Que distância tão sofrida, que mundo tão separado...

este verso de Pablo Milanés, da Canción Por La Unidad Latinoamericana, retrata bem de quão distantes estavam as nações da América Latina até décadas mais recentes. Quando estes países apareciam juntos em um noticiário era devido alguma disputa de fronteira ou de comércios dos seus bens primários.

No período das ditaduras, principalmente aqui no sul do continente americano, estas nações até se juntavam, apenas para reprimir as ações “subversivas dos grupos oponentes aos seus regimes”.

Nas décadas de 70 e até de 80, falar em unidade da América Latina era devaneio, pois o que se via eram interesses “nacionais” totalmente subalternos à lógica do “Tio Sam”, o grande amigo do norte, que se possível incendiava os espíritos para que, separados e em disputa, os governos destas repúblicas fossem facilmente cooptados pelos interesses comerciais e culturais norte americanos. Tudo dominado!

Nas últimas décadas, em que frescor democrático se deu, principalmente aqui na América do Sul, com governos eleitos e mais fortes, assistimos o surgimento de articulações e consolidações destas em organismos que colocam um tempero novo neste relacionamento norte sul. O MERCOSUL e a UNASUR, com lógicas de independência e autonomia desafiam a hegemonia norte americana...

No Brasil, foi evidente a mudança de comportamento das nossas relações externas após o fim da ditadura. De governos ilegítimos, e por isso muito fracos aos olhos do “primeiro mundo”, passamos a governos que, legitimados pelo voto (mesmo que só do colégio eleitoral, caso do Sarney), tivessem atitudes mais assertivas para com nossa identidade nacional e latino americana.

Os governos Lula e Dilma, sem dúvida, são a afirmação mais pura, daquilo que está declarado no artigo 4º da Constituição Federal de 1988, que determina, no relacionamento do Brasil com outros países e organismos multilaterais, os princípios da não-intervenção, da autodeterminação