O processo de Galileu
Redação da Revista Permanência, 1982
SUMÁRIO
I — Generalidades
II — O papel dos homens da Igreja na edificação da ciência moderna
III — A posição da Igreja
IV — Quem era Galileu?
V — As pretensas provas de Galileu
VI — Belarmino, Urbano VIII, Galileu e o método científico
I — GENERALIDADES
Não se pode proferir um julgamento equilibrado sobre essa deplorável questão se não se evocam os dois pontos seguintes:
1) No início do séc. XVII, nem Galileu nem ninguém tinha condições de produzir uma prova qualquer do movimento da Terra. Este movimento colidia até com uma dificuldade científica que fez recuar o grande astrônomo Tyche-Brahe: a ausência de qualquer paralaxe estelar2
A atual concepção cosmológica só se tornou bastante provável quando NEWTON, no início do século XVIII, estabeleceu as leis da Mecânica, de que resulta que nem o
Sol nem a Terra são imóveis, mas o centro de gravidade do sistema solar é que é imóvel3. As verdadeiras provas do movimento da Terra, isto é, as provas experimentais diretas, só mais tarde foram apresentadas. BRADLEY descobriu, em 1721, um fenômeno que ele não compreendeu muito bem, e que denominou, por isso,
“aberração das estrelas fixas” (o nome ficou). Ele percebeu em seguida que havia apresentado a prova de que a Terra descrevia anualmente uma órbita, cujo diâmetro é igual ao percurso da luz em cerca de 17 minutos.
Em 1851, FOUCAULT pôs em evidência a rotação da Terra em torno de si mesma por uma experiência célebre e pública, na qual o plano de oscilação de um