O Pensador

378 palavras 2 páginas
Um filósofo pode ser muitas coisas; isso se admitirmos que ele efetivamente exista nos nossos cotidianos, para além de toda caricatura e para aquém de toda definição inflexível e de toda idealização desumanizadora. Ele pode ser, por exemplo, um charlatão à maneira de alguns sedutores, dos demagogos, dos fanfarrões especulativos e de outros virtuoses da vaniloqüência e da persuasão engabeladora. Do mesmo modo ele pode ser um pedante erudito orgulhoso dos seus obscuros jargões, dos seus conhecimentos bibliográficos, da extensão do seu currículo lattes e das suas citações em grego ou alemão. Esses dois tipos são batizados pelo cioraniano Frédéric Schiffter respectivamente como “homem do blablablá” e “filósofo afetado ou cheio de mas-mas” (Schiffter 2003, p. 43).

Na esteira de Schiffter, Clément Rosset pondera que o “homem do blábláblá” é um charlatão porque visa a entorpecer o seu interlocutor com verborragias que enaltecem o irreal, a falsidade e muitas vezes o fantástico em detrimento da lucidez e do trivial (Rosset 2003, p. 6). Quanto ao “homem do mas-mas”, continua Rosset, sua afetação desvaloriza a vida em sua precariedade e prosaísmo em nome de uma essência transcendente e pretensamente superiora, depreciando assim o real no que ele tem de mais fenomênico, concreto, previsível e contundente (Idem, Ibidem). Entretanto, talvez até como variações e exemplos das definições de Schiffter e Rosset, um filósofo também pode ser um cenobita envolto com o Ser, com a Verdade, e com outras entidades absolutas; um libertino do espírito fragmentado pelo relativismo e perdido no caos das infinitas perspectivas; um cético resignado à diafonia, dissolvido nas aparências e em constante suspensão do juízo; ele pode ainda ser um lógico demolidor das articulações e das artimanhas da linguagem, um comentador de estruturas internas de textos acadêmicos clássicos, um missionário da práxis política revolucionária, um pessimista em busca de consolos ou de aniquilamento dos que restam,

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