O Indivíduo da Contemporaneidade e o TDAH: Algumas Considerações Psicanalíticas
INTRODUÇÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um assunto que esta em voga entre os profissionais da área de saúde e educação. A discussão é relativamente nova e polêmica, pois, tem um caráter complexo desde seu diagnostico até suas possíveis intervenções. Suas características consistem em desatenção, impulsividade e hiperatividade. Existe uma considerável quantidade de informação disponível na mídia, o que torna este tema facilmente reconhecível pela população em geral e, com isto, a produção de um saber de senso comum, banalizando este transtorno. Isto pode ser observado tendo em vista a quantidade de crianças brasileiras que apresentam esta sintomatologia, são em torno de 3 a 5% de acordo com as pesquisas (GOLSDSTEIN & GOLSDSTEIN, 2004; SCHWARTZMAN, 2001). Entretanto, é questionável o real número de crianças portadoras deste transtorno, devido às dificuldades de constatar por meio de exames neurológicos ou testes psicológicos a presença desta síndrome.
O fato de ser um transtorno predominantemente identificado na infância, faz com que o TDAH se manifeste no contexto escolar. Inúmeros alunos são encaminhados com queixa de indisciplina, desatenção e hiperatividade, características que estão presentes no diagnóstico clínico. Porém, este não seria também o reflexo do individuo de nossa sociedade? A conseqüência de um homem que é construído pelo seu tempo, manifestações de uma sociedade voltada para o individualismo, para perfeição, para a velocidade de transformação onde nada pára por muito tempo. Este imediatismo tem um efeito direto no comportamento dessas crianças que são expostas pelas influências da mídia e do discurso da sociedade. Portanto, um aluno que assiste a uma aula que não atende às suas demandas reais, não irá se comportar da maneira esperada pelos educadores. Com isto, a escola se defronta com um problema que não consegue resolver,