O indio e a escravidão

SEMINÁRIO 4 – O Indígena e o Europeu
a) “De como esses bárbaros matam e devoram seus prisioneiros de guerra”. In: Thevet, André. As singularidades da França Antártica. Belo Horizonte: ED. Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1978, pág. 131-133.
b) “Capitulo XV – De como os americanos tratam os prisioneiros de guerra e das cerimonias observadas ao mata-los e devora-los”. In: Lery, Jean de. A Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte: ED. Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980, pág. 193-204.

O texto de Léry , publicado em 1578 tinha o objetivo de dar sua visão dos conflitos que resultaram no catastrófico fim da França Antártica, tentativa de colonização francesa no Brasil. Léry e os demais protestantes, anteriormente convidados a participar da colonização foram expulsos das novas terras por Nicolas Durand de Villegaegnon, o fundador da colônia. Já André Theret, cosmógrafo, cartografo e católico franciscano francês, entre novembro de 1555 e Janeiro de 1556 viveu na França Antártica, e em sua obra culpa os protestantes pelo fim da colônia.
Ambos os textos nos são valiosos, pois são registros vívidos dos costumes indígenas no inicio da colonização, principalmente os rituais antropofágicos dos índios brasileiros, do momento da captura dos prisioneiros até a consumação ritualística de sua carne por toda a tribo.
Um dos pontos os quais chamo atenção nos escritos é a forma hipócrita com a qual os Europeus julgam os indígenas; como se não fossem eles próprios “selvagens”, escravizadores, estupradores e assassinos dos nativos. Mesmo relatando claramente rituais antropofágicos extremamente caracterizados de forma até mesmo religiosa, não se fizeram de rogados ao descrever os índios como canibais comedores de gente, como se a caça e consumo de carne humana fosse atividade central em sua alimentação.
Se desconsiderarmos nossos valores atuais, podemos dizer que havia um grande respeito por aquele que seria devorado, e este se sentia honrado com a morte que assumia como digna de um