a viagem da leitura

A Viagem da Leitura
Adriana Vera e Silva, Ana Jover e Camila Guimarães

Nas terras do faz-de-conta e das paixões, o eterno prazer dos sonhos possíveis e da realidade reinventada

Certa vez, perguntaram ao linguista francês Roland Barthes o que ele achava de se propor a obrigatoriedade de certos textos na sala de aula. Prontamente, o pensador respondeu: "Seria o mesmo que baixar um decreto obrigando todo cidadão a ser feliz". Claro que um leitor e escritor de primeira linha como Barthes não estava querendo dizer que um bom leitor é alguém que acertou na loteria. Muito menos que o ato de ler é um dom divino, que uns têm, outros não. Acontece que, em meio a tantas formas de comunicação pelas quais somos bombardeados hoje em dia, fica meio complicado entender a importância de um livro, um mero livro que alguém escreveu a fim de ser lido por outro alguém.
Talvez a primeira noção a se fixar é a de que o lugar que a linguagem ocupa é o lugar da sedução. Estranho? Não: pense em como um romance, um poema ou até mesmo um ensaio são capazes de nos levar para determinados cantos da imaginação ou do pensamento jamais visitados. Aliás, é isso mesmo: ler é uma grande viagem, uma aventura do espírito, algo que nos faz ir além e além. Como ir além? Refletindo, contestando, concordando, esclarecendo dúvidas com pais, professores e amigos e até tentando avançar para horizontes que talvez sequer o autor tenha imaginado. Essa é a viagem da leitura. E quando vamos para algum lugar não estamos sendo passivos: isto é, não estamos vendo televisão ­ ao contrário, somos o próprio "mocinho" ou "bandido" atuando numa história.
Essa é talvez a primeira batalha que o professor precisa vencer: demonstrar a seus alunos que eles são agentes, quer dizer, sujeitos ativos, os "mocinhos" da história.
Não é o caso de brigar com a televisão, até porque, por sua própria natureza (a de nos hipnotizar pelas imagens), ela leva enorme vantagem.
O que é preciso conquistar, centímetro a