A simplicidade do saber

A SIMPLICIDADE DO SABER
(Maristela Abreu Rosa)

Já se fazia tempo que a história se repedia. Era sempre assim, todo finzinho de tarde, seu Tonho chegava à beira da praia com seu humilde barquinho, de mais uma tentativa de pescaria bem sucedida. Mas qual nada! Ele já não entendia o porquê dos peixes sumirem. Ele estava a fazer tudo direitinho como tinha aprendido com seu velho pai. Entendia dos movimentos das marés, das épocas da lua, dos pontos ideais para se lançar a rede. É... Mas as coisas já não eram como antes. O barquinho já não vinha, mas abarrotado de peixões, as redes já não se rompiam, tamanho que era o peso dos peixes. Sentado a mesa, o filho de seu tonho ouvia as lamurias de seu pai, sem nada falar.
Na manhã seguinte, Tonico brincava a beira mar com um filhote de tartaruga que acabara de sair do ovo e buscava ansiosamente pelas águas. Devia de ter sido alguma tartaruga adulta que desovou na areia da praia (pensava o menino). Ao longe, seu Tonho observava o carinho que Tonico demonstrava ter com a tartaruguinha. Na intenção de agradar ao menino, seu Tonho caminhou em direção ao garoto, matutando uma ideia e logo que se aproximou do Tonico, sugeriu que o menino construísse um mini aquário e mantivesse o filhote de tartaruga dentro dele. Mas qual foi a sua surpresa ao ouvir a resposta do menino: “Pai, se todas as pessoas que acharem o filhote de tartaruga bonito e pegá-lo para si, mantendo-o em cativeiro; futuramente não haverá mais esses animais na natureza. Porque elas envelhecerão e morrerão sem gerar novos filhotes. Assim acontece com os peixes, meu pai! O senhor não dá oportunidade deles chegarem a fase adulta para gerar novos peixes. Ao invés disso,pesca eles quando ainda são filhotes e veja só! Onde estão os novos peixes? Não estão! Não estão!
Nessa hora seu Tonho sentiu um aperto no peito, daqueles que dá vontade de se derramar. Percebeu que todo conhecimento que tinha de pescaria e de mar não foram suficientes para despertá-lo para uma