A Questão do Acre
Antecedentes Históricos
A produção da borracha atraiu milhares de nordestinos, do Ceará em particular, expelidos de sua terra pela seca, principalmente a de 1878. O trabalho de colheita da seiva da seringueira era árduo, mas pelo menos na floresta ninguém morria de fome. Muitos autores já descreveram essa vida dos “homens que trabalhavam para escravizar-se” na expressão de Euclides da Cunha. Pela calha do grande rio, os nordestinos foram subindo os afluentes da margem direita e no final do século já estavam no alto Purus e no alto Juruá, regiões abundantes em seringueiras.
A exploração dessa área é anterior ao boom da borracha, embora contemporânea da fase das drogas do sertão.
No alto Purus, o mulato Manoel Urbano da Incarnação foi o primeiro a subir, em 1861, o Rio Acre, que no fim do século se tornaria a meca da borracha. O alto Juruá foi pela primeira vez navegado, em 1854, por João Cunha Correia. Depois dos exploradores vieram os seringueiros.
Os seringueiros, achando a terra desocupada, foram subindo os afluentes do Purus e do Juruá, estabelecendo seringais, povoados, como o Rio Branco, às margens do rio Acre. Não sabiam que estavam entrando na Bolívia.
Muitos autores compararam as entradas amazônicas dos seringueiros do final do século XIX às bandeiras do século XVII. “Ninguém é mais bandeirante que o seringueiro” disse Vianna Moog. Em ambos os casos onde eles punham o pé, o território ficou brasileiro, em ambos os casos havia um tratado que dava a posse da terra a outrem, porém os agentes de penetração não faziam ideia de onde a fronteira passava. A única diferença é que o Tratado de Ayacucho acabava de ser assinado em 1867, sendo sua vigência reconhecida pelo Governo brasileiro.
“Conhecido por selar a paz entre o Brasil e a Bolívia, o Tratado de Ayacucho foi assinado em 23 de Novembro de 1867 e conhecido por diversos nomes, principalmente Tratado da Amizade.
Pelos tratados anteriores, de Madri e Santo Ildefonso, a fronteira da