A perda da Dimensão Cuidadora

2961 palavras 12 páginas
O tratamento a partir da reforma psiquiátrica
Pedro Gabriel Delgado
Abordarei o tema deste artigo a partir de minha experiência como coordenador do Programa de Saúde Mental do Estado do Rio de Janeiro. A aproximação entre a reforma psiquiátrica e o movimento lacaniano é inevitável, embora não se dê espontaneamente.1
O que se passa no âmbito da reforma da psiquiatria pública freqüentemente está muito distante do que se passa nos debates do movimento psicanalítico. Isso é extraordinário e incompreensível. E verdade que em alguns lugares há aproximações relevantes, por exemplo em Minas Gerais, mas na maior parte das vezes elas são insuficientes e irrisórias, como ocorre no Rio de Janeiro.
A dimensão político-institucional da reforma psiquiátrica
Fala-se em reforma psiquiátrica há muito tempo; sua inflexão nas políticas públicas brasileiras se deu a partir de 1989-90. Ora, se existe reforma é porque existe obstáculo, alguma coisa que precisa ser removida, modificada, e isso exige a definição de uma estratégia. O plano institucional da reforma é o plano das políticas públicas, e sua premissa, o direito da população de ter um atendimento de qualidade, que respeite seus direitos e sua cidadania. Esse é o norte ético da reforma: o direito de demandar e de ter uma resposta adequada, eficiente e suficiente na rede pública de atendimento.
A rede pública é um elemento chave, porque a estratégia definida para remover o obstáculo a inclui. E assim definiram-se suas prioridades, desde pelo menos 1992: os serviços públicos atenderão prioritariamente os pacientes graves — os psicóticos, os neuróticos e os usuários de drogas com problemas psicossociais. Além disso, foram incluídos na categoria os esquizofrênicos.
Situada no plano das políticas públicas, a reforma psiquiátrica mira o coletivo. Seu objeto é a população, e a demanda potencial é definida através de ferramentas epidemiológicas. O objeto da clínica, por sua vez, é o sujeito sin
A esse respeito, gostaria

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