A melancolia em Hamlet
E Cláudio, o Rei da Dinamarca, irmão e sucessor do trono do falecido Rei da Dinamarca, Hamlet, esposo da Rainha Gertrudes, viúva do antigo Rei, e tio do príncipe e herdeiro do trono, Hamlet, já anunciara a melancolia contida na peça desde as primeiras cenas. Na sala de cerimônias do castelo, o Rei junto a Rainha, Hamlet, Polônio, Laertes, Voltimando, Cornélio, alguns cavalheiros e cortesãos, em memória do falecido Rei, inicia um monologo explicitando toda dor que o reino sentia pela morte de seu caro irmão, Hamlet.
“REI: Embora a morte de nosso caro irmão, Hamlet,
Ainda esteja verde em nossos sentimentos,
O decoro recomende luto em nosso coração,
E o reino inteiro ostente a mesma expressão sofrida,
A razão se opõe à natureza,
E nos manda lembrar dele com sábia melancolia –
Sem deixar de pensarmos em nós mesmos.”
(Tradução de Millôr Fernandes)
“KING CLAUDIUS: Though yet of Hamlet our dear brother's death
The memory be green, and that it us befitted
To bear our hearts in grief and our whole kingdom
To be contracted in one brow of woe,
Yet so far hath discretion fought with nature
That we with wisest sorrow think on him,
Together with remembrance of ourselves.”
(Hamlet, Shakespeare – Ato I, Cena II)
Sábio, o Rei usara suas palavras para alertar e pedir ao povo para usar da “sábia melancolia” e continuar suas vidas somente com as memórias de seu irmão em um brando estado de luto. Esperava ou não, o Rei, que seu sobrinho se encontrasse em uma espécie de estado de luto absurdamente sombrio e emergente? Ao explorar o texto original de Hamlet (escrito entre 1599 e 1609), citado no início do texto, no início do monólogo do Rei, Shakespeare usa o termo “wisest sorrow”, onde encontramos a expressão “a mais sábia tristeza”