A heteronímia e a transtextualidade em fernando pessoa

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A Heteronímia e a Transtextualidade em Fernando Pessoa

Fernando Pessoa, poeta e escritor português, criou personalidades poéticas completas, sendo as mais emblemáticas Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Esta é sua grande criação estética: a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra. Os heterónimos são concebidos como individualidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Enquanto a heteronomia consiste na construção de vários sujeitos, como a construção das personalidades poéticas realizada por Pessoa, a heteronímia é como se denomina a pluralidade que se concentra. Ao criar uma personalidade poética completa, Pessoa meta se constrói como personagem, ou seja, ele se reinventa como poeta. Fernando Pessoa individualizava seus heterônimos por meio de uma diferenciação recíproca em que Caeiro se tornava “mestre” dos demais, inclusive do próprio Pessoa. Das relações entre Fernando Pessoa e seus heterônimos e também desses com o que era exterior ao poeta surgiu um diálogo entre os seus textos que configuraria uma transtextualidade ímpar. O diálogo entre os textos da obra pessoana se dá não de uma maneira reduzida baseada nas noções de “fonte” e “influência” e sim, há um “vaivém permanente” um “nomadismo intertextual”. Podemos ver esta intertextualidade em dois versos do poeta:

“Ah, já está tudo lido, Mesmo o que falta ler!”

Nesses dois versos assinados por Fernando Pessoa, podemos depreender que todos os seres, e logo suas obras, já estão construídos, mesmo aqueles que não conhecemos. Em diversos poemas, Pessoa e seus heterônimos parecem estar tratando desta pluralidade que mora dentro do poeta e, particularmente, dentro de Pessoa que a mostrou ao mundo na forma de suas diferentes personalidades poéticas. Ricardo Reis afirma que “Vivem em nós inúmeros”, enquanto que Álvaro de Campos nos convida a “Sentir tudo de todas

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