A formação do engenheiro numa sociedade globalizada
Afonso Carlos Corrêa Fleury**
1. Objetivos
O objetivo deste texto é abordar as principais questões que exigem o repensar das dinâmicas de formação de engenheiros no Brasil, agora dentro de uma perspectiva já consolidada de globalização produtiva. Partimos de uma breve recuperação dos antecedentes históricos, que determinaram a atual problemática de ensino em nossas escolas de engenharia, para então introduzir as mudanças já em curso associadas ao processo de inserção de nosso país numa economia crescentemente globalizada. Há mudanças profundas nas formas de organização produtiva, assim como de relações de trabalho.
Estas mudanças justificam reformas significativas nos perfis profissionais a serem formados, o que exige o repensar da estruturas curriculares assim como das metodologias de ensino, que são brevemente elaboradas nas conclusões do texto.
2. A contribuição da Engenharia para o desenvolvimento econômico e social
Para iniciar o posicionamento da questão, parece-nos interessante recuperar um modelo elaborado pelo Prof. Ruy Leme, no início dos anos 1960. Trata-se de um modelo que correlaciona o estágio de desenvolvimento econômico e social de um país com os tipos de Engenheiros e Engenharias demandados.
A idéia básica é a de que qualquer país, independentemente de seu nível de desenvolvimento, tem que ter duas capacitações básicas em Engenharia de Construção e de Manutenção. Os exemplos são evidentes e relacionados com a infra-estrutura que vai dar suporte ao processo de industrialização: energia, transportes, construção civil, etc.
Ao iniciar o processo de industrialização, a demanda que se apresenta passa a incluir engenheiros capazes de gerir os sistemas de produção que estão sendo instalados, baseados em tecnologia importada.
Em se mantendo a dinâmica de desenvolvimento e atingida uma certa capacitação em Engenharia de Produção, surgiriam demandas e