A existência de um estorvo resenha crítica sobre o romance “estorvo” de chico buarque baseada nos princípios existencialistas

A EXISTÊNCIA DE UM ESTORVO
Resenha crítica sobre o romance “Estorvo” de Chico Buarque baseada nos princípios existencialistas

Por Karina Cecchinel de Castro

Na década de quarenta, no Rio de Janeiro, nasce Francisco Buarque de Ollanda. Sobre sua carreira, a primeira opção de Chico foi Arquitetura, porém dois anos após seu ingresso na Universidade de São Paulo, desistiu da carreira de arquiteto e urbanista e decidiu se dedicar a carreira artística.
Falar de Chico Buarque músico e compositor é fácil. Porém no campo da literatura é menos visado, e incita críticas tanto positivas quanto negativas, contrapondo sua fama como músico (onde a maioria o considera excelente músico e compositor). Portanto falar de Chico Buarque escritor, talvez não seja assim tão simples. Os fãs acostumados com suas músicas de letras românticas e contos suaves de pessoas comuns e fatos do quotidiano (onde por vezes aproveita para fazer críticas sutis, como na época da ditadura) podem estranhar seus romances literários, de personagens bem singulares. Estorvo foi escrito em 1991, primeiro de quatro romances escritos por Chico, com o qual ganhou o “Prêmio Jabuti de Literatura”. Trás na narrativa em primeira pessoa, o relato de um personagem que incomoda e frustra, pois mostra em suas atitudes e maneira de encarar as situações, a falta de sentido da vida, da existência humana, e incomoda mais ainda por não aparentar-se frustrado com essa falta de sentido, como se nem a percebe-se, vive a vida como um mero acaso. O espaço da narrativa circunda basicamente entre a casa da irmã e o sítio herdado. O texto não assume cronologia, se passa no presente do personagem, sem data específica. Nas primeiras páginas do livro já é possível ter uma boa noção do que iremos encontrar pela frente, uma vez que a história não se desenrola “horizontalmente”, mas sim em círculo, um círculo viciante e sem saída. É um romance difícil de contar, pois não se trata exatamente de algo com “começo, meio, e fim”,