A ditadura militar e as artes

A ditadura militar e as artes: entre o desbunde e a resistência

O presente trabalho tem como intuito analisar a produções culturais no Brasil durante os anos da ditadura e fazer uma análise literária do livro As meninas, de Lygia Fagundes Telles, que nos possibilita entender o que esse período significou para as mais diferentes pessoas durante o Regime Militar. Para analisarmos as questões das artes em geral, escolhemos o livro Cultura Brasileira: utopia e massificação, de Marcos Napolitano. Enquanto com Napolitano temos uma perspectiva voltada apenas para o modo que a ditadura alterou e mudou a produção cultural no Brasil, no livro As meninas, embora ficção, temos uma perspectiva do cotidiano das pessoas durante o mesmo período, sendo quase uma desconstrução, da “aura” que tínhamos em relação a época, como se a sociedade toda tivesse conhecimento ou noção, do que de fato ocorria no país.
Vislumbramos a história através de inúmeros ângulos, em seu processo ininterrupto ela vem sendo construída ao longo dos anos através dos vestígios deixados pelo homem no decorrer do percurso. Tais vestígios podem ser das mais diversas formas, inclusive suas representações culturais. Quando leva-se isso ao patamar de uma nação, as coisas ficam mais evidentes, pois é possível “rapidamente” fazer um panorama da história do país a partir de seu aparato cultural; pois como aponta Napolitano em sua obra Cultura Brasileira: utopia e massificação (1950-1980) (2001, p. 129) “Num país acusado de não possuir memória é fundamental que se lembre das manifestações culturais [...] Em qualquer sociedade, o campo cultural é um dos elementos estruturais básicos [...]”. Em clarividência atestando que uma das formas de “ler” a sociedade, é através da cultura.
Napolitano vai mostrar ao longo do livro como essa cultura que é gestada entre as décadas de 50 e 80, foram importantes inclusive na caracterização daquilo que chamamos de identidade nacional, como que se caracteriza até hoje músicas,