A cultura de preparo e partes usadas das plantas da caatinga, na medicina popular
A partir dos saberes populares, nos quais são bem marcantes na cultura nordestina, de plantas usadas como medicinais, foi constituído um levantamento etnobotânico, no intuito de elucidar esses dados dos chamados “remédios caseiros”. Esse trabalho foi instigado pela necessidade de viabilizar ou detectar as melhores e mais usadas maneiras de preparo, além do melhor aproveitamento da planta (ou parte) utilizada. A área contemplada nesse estudo foi a localidade Paquetá II, no município de Sussuapara (Piauí), a qual está inserida em uma área prioritária para a conservação (PROBIO) do complexo Ibiapaba-araripe, estando situada no sertão piauiense. A partir de oito excursões dominicais, nos utilizamos de entrevistas semi-estruturadas de consentimento livre de participação, para o relato dos 29 participantes (adultos), que foram sorteados por residência de maneira acidental. No que concerne às partes aproveitadas destas plantas, notou-se a predominância no uso de folhas (50,8%), seguida de cascas (12,3%), frutos (5,2%), flores (1,8%), raízes (1,8%), sementes (3,5%), e por mais de uma (24,6%). As formas de preparo são verificadas como: chás (42%), beberagens (14%), lambedores (10,5%), uso tópico (7%), vinhos (1,8%) e em mais de uma forma (12,3%). Tendo por base esse conhecimento, podemos dizer que há uma forte e imprescindível ligação entre as partes usadas e o que foi preparado, assim como o discernimento da cultura popular verificou o ideal uso de folhas na preparação de chás, para a extração das suas propriedades.
Palavras-chave: preparo, partes das plantas, caatinga, medicina popular, propriedades medicinais.