A CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍCIA URBANA
Departamento de Sociologia
A CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍCIA URBANA
(LISBOA, 1890 – 1940)
INSTITUCIONALIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E
PRÁTICAS
Cândido Gonçalo Rocha Gonçalves
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Sociologia
Orientador:
Prof. Doutor Nuno Luís Madureira
Julho de 2007
RESUMO
Ao longo do século XIX o Estado assume uma postura de governo activo, sustentado numa, progressivamente maior, máquina de normas, instituições e agentes administrativos. Para além de um crescimento quantitativo, diversificaram-se as estratégias administrativas. Neste trabalho propomo-nos analisar um dos principais expoentes desta modernização administrativa – a polícia urbana. Centramo-nos na
Polícia de Lisboa entre 1890 e 1940. Em primeiro lugar, observamos as transformações na organização dos poderes dentro do aparelho de Estado. Veremos como a polícia sofreu um processo de centralização que progressivamente a aproximou do centro do poder. Avançamos depois para uma análise organizacional e das relações laborais. Uma das principais inovações introduzidas durante o século XIX foi um ambiente organizacional de enquadramento e controlo do trabalho policial. Vamos observar o movimento de especialização que ocorreu dentro da Policia Civil, gerando três divisões base: segurança
pública;
inspecção
administrativa;
e
investigação
criminal.
Concentramo-nos depois na segurança pública. Que postos a constituíam, que funções lhes estavam atribuídas, como se relacionaram dentro da mesma organização, são perguntas que tentaremos responder. Este tipo específico de polícia, a de segurança pública, era, antes de mais, uma polícia territorial. Defendemos que a territorialidade da
Segurança Pública se concretiza em escalas de proximidade que ligavam os vários níveis da organização a territórios progressivamente menores, até à unidade mínima – a
rua.