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382489 palavras 1530 páginas
momento o reconcentrava.

Essa primeira pausa que lhe deixavam os deveres da sociedade depois da entrada de Aurélia na sala, seu pensamento a aproveitou para bem compenetrar-se dos fatos que se acabavam de passar e aos quais buscava uma causa ou uma explicação.

A moça a pretexto de olhar para o céu veio debruçar-se à mesma janela:

- Está tão retirado! Também cultiva as estrelas?

- Quais? As do céu?

- Pois há outras?

- Nunca lho disseram?

- Talvez alguém se lembrasse disso; mas ainda não achei quem me fizesse acreditar, respondeu a moça com um sorriso.

Seixas calou-se. Seu espírito além de pouco propenso a esses torneios da palavra, estava cativo de uma idéia importuna.

- Quem sabe se vim perturbar alguma visão encantadora? insistiu Aurélia.

- Não a tenho. Estava pensando nos caprichos da fortuna que me trouxe esta noite à sua casa. É isto uma graça ou uma ironia da sorte? A senhora é quem poderá dizer-me.

Aurélia desatou a rir:

- Era preciso que eu estivesse na intimidade dessa senhora, para conhecer-lhe as intenções; e apesar de muita gente considerar-me uma de suas prediletas, acredite que no fundo não nos gostamos.

Isto disse-o a moça galanteando; mas logo ficou séria e prosseguiu:

- O que eu compreendo dessas palavras é que o Sr. Seixas arrependeu-se de não haver empregado melhor seu tempo.

- E tenho eu o direito de arrepender-me! disse o moço em voz baixa, como temendo que o ouvissem.

- Como está misterioso, meu Deus! Não fala senão por enigmas. Confesso que não o entendo. Carece alguém de direito para arrepender-se de uma cousa tão simples como uma visita!

- Tem razão, D. Aurélia. Desculpe; ainda não me recobrei da surpresa. Vindo a esta casa, não esperava encontrá-la. Estava longe de pensar...

- Tanto lhe desagradou o encontro? perguntou Aurélia sorrindo.

- Se eu ainda acreditasse na felicidade, diria que ela me tinha sorrido.

- E por que descreu?

Seixas fitou um olhar melancólico no semblante da

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