Uso abussivo da maconha

8209 palavras 33 páginas
Um panorama sobre a maconha

Rafael Guimarães dos Santos*

*Biólogo; Mestre em Psicologia – Processos Comportamentais (UnB, Brasília, Brasil); Doutorando em Farmacologia (UAB, Barcelona, Espanha). Endereço eletrônico: banisteria@gmail.com.

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Resumo Trata-se de uma revisão geral sobre aspectos biológicos, farmacológicos, toxicológicos e socioculturais da maconha. Composição química; efeitos; endocanabinóides e seus receptores; dependência e toxicidade são os principais tópicos abordados. São discutidos dados científicos contemporâneos sobre o tema visando expandir o conhecimento de pesquisadores e demais interessados e apontar a necessidade de maiores estudos sobre este psicoativo. Uma visão multidisciplinar e mais tolerante é proposta, dada a ineficácia do atual modelo internacional para se lidar com as substâncias psicoativas em geral, pois é predominantemente repressivo. Palavras-chave: Cannabis, maconha, psicoativos.

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1. Introdução 1.1. Histórico
“... a semente de cânhamo comida (...) faz as pessoas caírem num estado sonhador. As folhas secas e transformadas em pó e depois tomadas numa beberagem ou então o dito pó bem seco tomado no lugar de bebido, embriaga as pessoas amigavelmente e sem que aquele que o toma se aperceba. Na Arábia certamente se petrifica e a colocam em pequenos pães, para tomar no lugar do vinho, e ela embriaga”. (Fuchs, 1550, conforme citado em Carneiro, 2002).

Cannabis sp., da família botânica Cannabaceae, é comumente conhecida por maconha, cânhamo, bangue, diamba, pito, fininho entre outros. Estes nomes fazem referência à pelo menos três diferentes espécies: Cannabis sativa, C. indica e C. ruderalis, que se diferenciam por seus hábitos de crescimento, por aspectos morfológicos e possivelmente pela quantidade de princípios ativos (Henman & Pessoa Jr., 1986; Schultes & Hofmann, 1992; Furst, 1994; Spinella, 2001). O uso generalizado de Cannabis parece remontar ao período neolítico, onde há

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