UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE ORATIONES PHILIPPICAE

UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE ORATIONES PHILIPPICAE Tiago Paiva Melo1

Introdução

É inquestionável a importância de Marco Túlio Cícero para a história de Roma e, também, para a Retórica. Cícero foi o maior orador da história romana, quiçá da história mundial e, por essa razão, seus discursos apresentam uma grande riqueza de detalhes, através dos quais pode-se tentar decifrar de que maneira aconteciam as decisivas sessões do Senado Romano. Buscou-se, através deste trabalho, apresentar, sob a perspectiva da Análise do Discurso de Linha Francesa, de que maneira se apresentava o discurso ciceroniano. Para isso, foi escolhido uma das mais famosas falas de sua vida oratória, a primeira das Orationes Philippicae – ou “Filípicas” – proferida em 44 a.C. (CORNELL; MATTHEWS, 2008, p. 72) e dirigida a Marco Antônio, então cônsul de Roma . Há de se destacar, aqui, quais as condições de produção do discurso, as formações ideológica e discursiva a que pertence e, também, o ethos presente. Vê-se, pois, o conceito de etos para a retórica: “caráter que o orador deve assumir para inspirar confiança no auditório, pois, sejam quais forem seus argumentos lógicos, eles nada obtêm sem essa confiança.” (REBOUL, 2004, p.48). Apesar de pertinente para esta análise, preferimos nos ater ao conceito de ethos sugerido pela Análise do Discurso de Linha Francesa, que será especificado mais adiante.

A morte de César e o declínio da República

Antes que se inicie a análise, é importante explicar o que são as “Filípicas” de Cícero. Diferentemente das “Catilinárias”, que levam o nome do indivíduo para quem o discurso foi proferido, as “Filípicas” assim são chamadas porque seguem o modelo utilizado pelo orador ateniense Demóstenes, cuja oratória foi direcionada para o rei da Macedônia, Filipe II. Cícero, por sua vez, como dito anteriormente, dirigia-se a um dos atuais cônsules romanos, Marco Antônio. Com a morte de Júlio César, iniciou-se o declínio da República. Uma nova guerra civil