Um discurso sobre as ciências
No texto “Um discurso sobre as ciências”, o autor faz uma abordagem a três pontos funda¬mentais relacionados com as ciências, que são: a caracterização do paradigma dominante; a crise, sob condições teóricas e sociológicas, do paradigma hegemónico; e, por fim, propõe um perfil de uma ordem científica emergente, novamente sob condições teóricas e sociológicas.
No dealbar do texto o autor sustenta, que estamos, a nível científico, numa fase de transição, e para explicitar melhor essa ideia, Sousa Santos recorre ao exemplo de Jean-Jacques Rousseau – a quem apelida, metaforicamente, de criança – que na obra “Discours sur le Sciences et lês Arts”, de 1750, procurou respostas através de perguntas elementares e simples, aliás perguntas que, «como Einstein costumava dizer, só uma criança pode fazer mas que, depois de feitas, são capazes de trazer uma luz nova à nossa perplexidade» (p. 1), sustentando que essa criança deve estar presente em cada um de nós.
O texto expõe nas primeiras páginas uma crise de iden¬tidade das ciências no tempo em que vivemos. Esse tema é desenvolvido ao longo do texto e onde são analisadas “nuances” históricas das ciências naturais e sociais, bem como o actual contexto científico em que estamos e as pers¬pectivas futuras.
O autor tem como propósito, reflectir acerca das ciências no seu conjunto, aludindo à sua tra-jectória ao longo dos séculos, bem como repercute o pensamento do progresso científico, com¬cluindo que ainda vivemos assentes numa ciência que lhe falta muito para amadurecer.
E, sendo assim, Sousa Santos sustenta um olhar firme sobre a ordem científica dominante ou hegemónica, uma ciência que persiste em continuar insensível às reais necessidades humanas, fazendo uma análise sociológica sobre a crise dessa