Trabalhos

Tudo que se temia que pudesse dar errado em relação à Copa do Mundo no Brasil acabou superando as expectativas – para pior. Obras superfaturadas, atrasos, cancelamentos, serviços mal feitos, dinheiro público aplicado no que não devia, altos dirigentes que se afastaram em função de denúncias. É uma pena pois não precisava ser assim. Caso organizada de outro modo e por outros métodos – o que necessariamente não poderia ser pelas mesmas pessoas, por óbvio – a Copa seria uma excelente oportunidade. Não foi e, lamentavelmente, essa não chega a ser a pior parte. Em paralelo ou nos próprios preparativos, transcorre a narrativa de uma tragédia. Na semana passada, em São Paulo, um torcedor foi espancado até a morte, na saída do estádio. No mesmo dia, outro torcedor foi baleado no queixo durante briga entre torcidas. Não tem relação direta com a Copa, mas foi na cidade sede do jogo de abertura. Como não poderia ser diferente, o assunto repercutiu mundo afora.

Dos legados potenciais não concretizados – na mobilidade, a situação só se deteriorou nos últimos sete anos – o mais elementar era que pelo menos a organização do esporte avançasse. Deu-se o inverso. É inacreditável, mas o País escolhido para sediar o maior evento do futebol mundial é aquele que registra a maior quantidade de mortes de torcedores no planeta. Mais espantoso ainda é o crescimento que ocorre ano a ano e como ele coincide com a escolha do Brasil para sediar a Copa.

Em 2006, morreram seis torcedores em conflitos relacionados ao futebol no Brasil. Em 2007, quando o País foi anunciado como sede, o número saltou para 11, o que se repetiu em 2008. Em 2009, quando foram escolhidas as cidades que receberiam os jogos, o número chegou a 21, mantendo-se em 2010. Em 2011, alcançou 31 mortes. Os números são do portal Lancenet. Em 2013, foram 30.

O RETROCESSO
Uma coisa que piorou nos últimos anos foi a violência para dentro dos estádios. Nas últimas décadas, o problema estava resolvido na parte de dentro,