Trabalho

Escaleta
Pedro, 26 anos, altura mediana, cabelos e olhos castanhos, barba feita, físico normal, chega com maleta do trabalho em seu apartamento pequeno, de poucos móveis e cores pastéis. Afrouxa a gravata como se essa o apertasse e, ao olhar para o chão e notar correspondência de contas a pagar, solta um profundo suspiro preocupado. Senta-se no sofá cinza e, na mesinha ao lado, pega um dos vários porta retratos dele com uma moça. Na mesinha há fotos deles criança, adultos, e ao fundo ela segurando um bebê e abraçada ao marido, e ele ao lado. Pega o telefone para telefoná-la, mas balança a cabeça negativamente soltando o telefone, deitando-se no sofá empoeirado e dormindo. Pedro entra em uma loja de rua pequena de revelação de fotos, bem simples, apontando ao gerente a placa “Precisa-se de funcionários”, e pergunta pela vaga. Ricardo, o gerente (aproximadamente 55 anos, calvo, olhos grandes e expressivos, bigode espesso, com um crachá dourado escrito “gerente” no meio da camisa), discute com ele detalhes, inclusive o salário, o que leva Pedro a agradecer a oportunidade, mas recusar pelo fato do pagamento ser baixo; não compensa deixar seu emprego, explica. Antes de ir embora, Ricardo explica que há um bônus salarial estipulado pela própria empresa, para quem se destaca no trabalho sem erros. O bônus incentiva-o a aceitar a proposta, e o gerente aponta a parede atrás dele, com porta retratos vermelhos altos, centralizados e em destaque de antigos funcionários, escrito em cada um deles embaixo “Excelência por Mérito”, e diz que Pedro pode se tornar um deles. Ricardo dá o crachá ao novo funcionário, prometendo ensiná-lo tudo necessário no dia seguinte. Ao voltar para casa, Pedro puxa sua gravata e joga-a no sofá, com contida felicidade. Olha-se no espelho, depois ao crachá já em sua camisa, e sorri satisfeito. Abre as janelas do pequeno apartamento, permitindo a entrada de luz no ambiente escuro, pega o telefone e caminha pela sala com este no ouvido.
Boa tarde,