Trabalho
O MARANHÃO E A FALSA EUFORIA DO FIM DA ÉPOCA COLONIAL
O último quartel do século xvm constitui uma nova etapa de dificuldades para a colônia. As exportações, que em torno de 1760 se haviam aproximado de 5 milhões de libras, pouco excedem em média, nos últimos 25 anos do século, os 3 milhões. O açúcar enfrenta novas dificuldades e o valor total de suas vendas desce a níveis tão baixos como não se havia conhecido nos dois séculos anteriores73. As exportações de ouro, durante esse período, promediaram pouco mais de meio milhão de libras. Enquanto isso a população havia subido a algo mais de 3 milhões de habitantes. A renda per capita, ao terminar o século, provavelmente não seria superior a 50 dólares de poder aquisitivo atual – admitida uma população livre de 2 milhões -, sendo esse provavelmente o nível de renda mais baixo que haja conhecido o Brasil em todo o período colonial74.
Observada em conjunto, a economia brasileira se apresentava como uma constelação de sistemas em que-alguns se articulavam entre si e outros permaneciam praticamente isolados As articulações se operavam em torno de dois pólos principais: as economias do açúcar e do ouro. Articulada ao núcleo açucareiro, se bem que de forma cada vez mais frouxa, estava a pecuária nordestina.
Articulado ao núcleo mineiro estava o hinterland pecuário sulino, que se estendia de São Paulo ao Rio Grande.
Esses dois sistemas, por seu lado, ligavam-se frouxamente através do rio São Francisco, cuja pecuária se beneficiava da meia distância a que se encontrava entre o Nordeste e o centro-sul para dirigir-se ao mercado que ocasionalmente apresentasse maiores vantagens. No norte estavam os dois centros autônomos do Maranhão e do Pará. Este último vivia exclusivamente da economia extrativa florestal organizada pelos jesuítas com base na exploração da mão-de- obra indígena. O sistema jesuítico, cuja produtividade