Timidez infantil
Introdução
Nas últimas décadas, o tema habilidades de interação social na infância e na adolescência tem suscitado notável interesse, de forma que se têm incrementado sensivelmente as investigações nessa área. Isso se deve à constatação da importância das habilidades sociais no desenvolvimento infantil e no funcionamento psicológico.
A interação com os pares é o foro no qual se desenvolvem as habilidades sociais. Assim, as crianças que não se relacionam com seus companheiros ou companheiras correm o risco de apresentar dificuldades emocionais em seu desenvolvimento.
Surpreendentemente, a timidez na infância é um fenômeno pouco investigado, tendo sido mais estudado na população adulta (André e Legeron 1997; Girodo 1980). O que ocorre é que os problemas internalizados suscitam muito menos atenção do que os externalizados.
Para esse trabalho, usaremos os termos timidez e retraimento social de forma indistinta, para nos referimos “aquelas crianças que mantêm relações insuficientes com seus pares, crianças com um padrão de conduta caracterizado por carência ou déficit de ralações interpessoais e fuga ou evitação de contato social com outras pessoas”. As principais manifestações da conduta socialmente retraída na infância são as seguintes:
a) Déficit ou carência de comportamento de interação com pares ou adultos. Em geral, a timidez está associada à escassa habilidade social. Com isso, constata-se um excesso de condutas de ensinamento, apatia, inatividade, passividade, indecisão, insegurança, lentidão, submissão, indiferença e inibição (Monjas 1997);
b) Comportamentos de ansiedade, temor, preocupações e pensamentos negativos diante de situações interpessoais habituais e de situações que impliquem avaliação (Asendorpf 1991; Olivares 1994);
c) Problemas relativos ao conceito de si mesmo e à afetividade. Podem apresentar, entre outros: baixo autoconceito; autoestima e auto avaliação negativas, tendência a subestimar-se, sentimentos de inferioridade,