Teologia
II
1.
A reconstrução humana da dialética na natureza
A interação entre os vários elementos da natureza humana busca equili-
As imagens sagradas do corpo e os rituais nas religiões - o corpo reza
brar seus dotes específicos, como integradores
e não excludentes. Espíritos
não rezam sozinhos. Os corpos não celebram sem alma. Unidos elevam preces. O espírito reza somente porque o corpo existe.
Se conseguirmos denominado escapar do dualismo, compreendemos
classicamente
que o mundo real,
como "cosmo", é o acabamento
de dois princí-
pios que se completam: a matéria e a ideia. Dentro do platonismo grego, estes
Antônio Sagrado Bogaz e
João Henrique Hansen
princípios são colocados como opostos, portanto contraditórios.' não complementares,
Nas proposições platônicas, um mediador, denominado
Partamos de um breve raciocínio lógico: tudo que existe foi criado por
Deus. Deus é o único criador de todas as coisas. Esta é a verdade prioritária de nossa fé. Tudo que Deus criou é bom, tem sua graça (Gn 1). Deus criou o corpo. O corpo é obra de Deus; o corpo é bom. E depois o salmo de louvor continua: "Que tudo que vive e respira cante louvores ao Senhor" (SI 150,6).
Nosso espírito louva a Deus. Somos seres vivos e espirituais. Nossas mãos se elevam em preces. Nosso coração manifesta nosso amor ao Criador. Portanto, nosso corpo é manifestação
da beleza divina. Tudo que tem graça e é obra de
Deus, pode ser transformado corpo reza.
em prece. Nosso corpo é lugar de louvor. Nosso
Este encadeamento
Simplesmente,
outras lógicas, de algum modo, bem delineadas promoveram
porque
uma reflexão
que nos levou a um paradoxo secular: corpo é coisa divina, mas é sua criação menos genial e, mais ainda, se encontra em permanente
por ele como De-
miurgo, atua sobre a realidade, plasmando o caos da matéria dentro do modelo das ideias, que são eternas. O caos recebe alma, propiciando a