Síntese Memorial

José Saramago – Memorial do Convento

Estrutura

Estrutura
História
Acção – assenta na história da construção do Convento de Mafra; o autor respeita os elementos históricos (nomes, datas, espaços), imortalizando nomes excluídos da História oficial
Personagens – referenciais: D. João V, D. Maria Ana, Maria Bárbara, Padre Bartolomeu, Domenico Scarlatti, etc
Narrador – predominantemente omnisciente e heterodiegético. Algumas vezes homodiegético (uso da 1ª pessoa do plural) assume vozes proféticas, críticas
Tempo histórico – desde 1711 a 1739
Espaço – físico: Lisboa, Mafra (espaços privilegiados)

Ficção
Acção – as experiências voadoras de padre Bartolomeu de Gusmão são ficcionadas. Entre o relato histórico e a narração do autor não existe correspondência
Personagens – ficcionais: Baltasar Sete-Sóis, Blimunda Sete-Luas
Narrador – predominantemente omnisciente e heterodiegético. Algumas vezes homodiegético (uso da 1ª pessoa) assume vozes proféticas, críticas
Tempo – valorização do tempo da história e do tempo do discurso
Espaço – físico: Lisboa, Mafra – Psicológico: sonho, construção e voo da passarola (ficcionada de modo a representar o espaço da utopia, do sonho, contendo um fundo histórico)

Características do discurso

Temáticas
Abolição da pontuação tradicional da escrita (simples sinais de pausas do discurso – vírgulas)
Início dos diálogos marcados com letra maiúscula. Aproximação da narrativa escrita à narrativa oral
Final da frase ou parágrafo assinalados com ponto final
Constantes intervenções do narrador
Vocabulário popular e erudito, uso de provérbios (“de louco todos temos um pouco”) de sentenças (“esta é a melhor sabedoria, não ligar ao que o céu manda”)
Tendência assumidamente barroca: perífrases, anáforas, metáforas, hipérboles, comparações, personificações, …
Recurso frequente à ironia na crítica social, política e religiosa
Intertextualidade – citações de Os Lusíadas, de Camões e referências a outros autores, como por exemplo Fernando