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7711 palavras 31 páginas
Revista Historiador Número 03. Ano 03. Dezembro de 2010
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O DISCURSO SANITARISTA COMO DISCURSO POLÍTICO E
IDEOLÓGICO NA REPÚBLICA VELHA1
Alex Oestreich de Mello
Éderson Cesar
Milene Veiga Beltrame
Rossane Heberle2
Resumo
O artigo a seguir aborda o período da história do Brasil conhecido como República Velha, onde a industrialização e a introdução do capitalismo efetuaram transformações consideráveis no seio da sociedade brasileira. A necessidade de enquadramento nessa nova lógica contribuiu para o surgimento de diversos discursos legitimatórios que visavam, em última instância, reorganizar essa sociedade, destacando-se entre eles o movimento sanitarista, que ocupou posição privilegiada, sendo o discurso político e ideológico do aparelho estatal, tornando-se estratégia política da classe dominante. Foi largamente utilizado como forma de enquadramento da população na nova configuração social, onde o autoritarismo e as teorias cientificistas europeias formaram a base de sustentação para a higienização, disciplina e organização dos sujeitos de acordo com a lógica das novas relações sociais.
Palavras Chave: República Velha. Sanitarismo. Capitalismo.

Introdução
As transformações ocorridas no seio da sociedade brasileira no advento da Primeira
República decorreram tanto de causas econômicas quanto políticas. As mudanças nas relações de produção, com a transição da mão-de-obra escrava para a assalariada no final no século XIX, modificaram o conjunto das relações sociais próprias de nossa estrutura econômica e social colonial. A queda da Monarquia e a instalação da República representaram claramente as alterações nas relações de poder político e sua respectiva constituição do aparelho de Estado Nacional. É neste contexto que vêm à tona os problemas decorrentes da instalação do novo sistema, da urbanização e dessas novas relações de produção. As epidemias, endemias e doenças

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