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Algumas questões relativas ao patrimônio industrial e à sua preservação
Beatriz Mugayar Kühl
O interesse pela preservação do patrimônio industrial é relativamente recente e deve ser entendido no contexto da ampliação daquilo que é considerado bem cultural. O debate sobre o tema iniciou-se na Inglaterra em meados dos anos 1950, época em que foi cunhada a expressão "arqueologia industrial", ganhando maior vigor e atraindo a atenção pública a partir do início dos anos 1960, quando importantes testemunhos da arquitetura industrial foram demolidos. O movimento se consolidou e se ampliou a partir de então e vários países realizaram ou estão realizando inventários sistemáticos de sua herança do processo de industrialização. Significativos esforços foram feitos para se definir o que é patrimônio industrial, estabelecer parâmetros cronológicos e elaborar registros e estudos, com o objetivo de determinar o que e por que preservar. No Brasil, estudos no campo se têm multiplicado ao longo dos anos. Deve-se lembrar um fato de grande importância: o pioneiro tombamento pelo Iphan, em 1964, do conjunto formado pelos remanescentes da Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema, no município de Iperó (Processo 0727-T-64, Arquivo Noronha Santos, RJ; Cunha, 2005: 107-108). Esse tombamento poderia fazer antever caminhos pioneiros para a arqueologia industrial no Brasil; no entanto, iniciativas mais sistemáticas tardaram a ocorrer, sendo a tutela oficial de bens vinculados ao processo de industrialização bastante rara.
As investigações históricas e sociológicas no campo possuem, porém, longa genealogia, através de estudos de diversos autores sobre história das ciências, da técnica, econômica e social, voltados aos processos de industrialização, produção de energia e meios de transporte. Trabalhos relevantes têm sido também desenvolvidos pela Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo, que dedica, há tempos, esforços ao estudo, análise e preservação dos