Sotaques de SP

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O sotaque paulistano veio do caipira

O sotaque paulistano propriamente dito, caracterizado por uma entonação e por uma pronúncia que o diferenciam do gaúcho, do nordestino e do carioca, por exemplo, tem uma história muito antiga, e remonta ao encontro das populações portuguesas com os índios.

Segundo Manoel Mourivaldo Santiago Almeida, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), durante mais de 200 anos as vilas de São Vicente e São Paulo foram irradiadoras de ondas de migração para o Sudeste e o Sul do País e falavam em grande medida uma língua indígena baseada no tupi, o nhengatu, a língua-geral simplificada pelos jesuítas e utilizada pelos bandeirantes para comunicação com os índios. Essa língua-geral de tronco tupi era uma das línguas francas faladas na Capital, onde também coabitavam tribos de outros troncos linguísticos. O nhengatu sistematizado por jesuítas como Anchieta, que fez a primeira gramática de tupi, foi predominantemente falado pela população da vila de São Paulo até quase meados do século 18, quando seu uso foi oficialmente proibido pelo marquês de Pombal. São Paulo voltou a falar a língua portuguesa, mas carregada de sotaques indígenas.

Essa língua se aproximaria muito do que é hoje o caipira do interior. Assim o quadro O Violeiro (1899), de Almeida Júnior, que mostra um casal de caipiras recostados na janela de grossas vigas, seria também um retrato arcaico de como era a vida na capital paulista até o século XVIII. As roupas naturalmente seriam diferentes e eles estariam falando nhengatu ou um português carregado do sotaque nhengatu (depois da proibição da língua pelo governo português). Teria sido por influência principalmente indígena que ocorreram acréscimos de vogais para fazer com que as consoantes fossem pronunciadas como no caso de “mele” em vez de “mel”, “nóis” em vez de “nós”. As consoantes finais dos infinitivos

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