SOCIOLOGIA PANOPTICO
As relações sociais modernas têm para Foucault como característica a atuação de tal poder tríplice, exercido sobre os sujeitos por meio de vigilância individual, controle e correção. O Panopticon de Bentham é a representação arquitetônica típica de tal período: um edifício em forma de anel, dividido em pequenas celas, no qual tudo o que era feito pelo indivíduo estava exposto ao olhar de um vigilante, que ninguém poderia ver. Este tipo de poder pode receber o nome de panoptismo, que não repousa mais sobre o inquérito, mas sobre o exame. Dessa maneira, afirma o autor:
O Panóptico automatiza o poder ao infundir naquele que é observado uma sensação consciente de uma vigilância permanente: arquitetura que cria e mantém uma relação de poder, portanto, que não mais depende daquele que o exerce; os vigiados são presos em um sistema no qual eles mesmos são portadores das relações que os submetem. Em outras palavras, aquele que “[...] está submetido a um campo de visibilidade, e sabe disso, retoma por sua conta as limitações do poder; fá-las funcionar espontaneamente sobre si mesmo; [...] torna-se o princípio de sua própria sujeição” (p. 192). O Panóptico dá ao poder a oportunidade de empreender novas experiências, modificar o comportamento de indivíduos, domesticá-los através de técnicas democraticamente controladas. A ampliação e organização do poder se faz visando ao recrudescimento das próprias forças sociais: aumento da produção, expansão da indústria, desenvolvimento da economia, potencialização da instrução.
O panoptismo coloca em funcionamento uma forma de disciplina diferente da chamada disciplina-bloco. Enquanto esta se baseia na instituição fechada, destinada à marginalização e à suspensão do tempo e do diálogo, a disciplina-mecanismo empreendida por essa nova técnica procura tornar o poder mais ágil, de atuação mais sutil, mais eficaz. Pode-se falar em uma verdadeira inversão funcional das disciplinas, segundo o próprio autor.