Sobre a Questão do Gosto em Hume

Bernardo Ribeiro

Sobre a Questão do Gosto em Hume

Em seu ensaio Do padrão do gosto, Hume enumera cinco características presentes no exercício do juízo sobre o gosto que o tornam apto a ser caracterizado como um padrão de beleza. São elas: “(...) o bom senso, ligado à delicadeza do sentimento, melhorado pela prática, aperfeiçoado pela comparação, e liberto de todo preconceito” (p. 268; grifo meu). Explique a relação entre essas cinco características que condicionam os juízos proferidos pelo “verdadeiro juiz das belas artes”, mostrando também por que Hume julgava que a posse delas por alguns homens, reconhecidos como críticos competentes, fundamenta a superioridade de seu juízo sobre os demais e é suficiente para refutar as objeções da “filosofia cética” contra a possibilidade de um padrão do gosto.

A grande variedade de gostos e de opiniões existente no mundo não é, para Hume, razão para se abandonar a busca sobre um certo padrão do gosto, uma regra capaz de conciliar a diversidade de opiniões dos homens (p. 371). São tolos todos os esforços no sentido de tentar estabelecer uma beleza unívoca, como se a beleza fosse uma propriedade intrínseca às coisas e, portanto, independente do espírito que as contempla. Hume reconhece, por conseguinte, a validade de um antigo preceito popular: gosto não se discute. Ou seja, Hume confirma a prudência cética que parece penetrar este enunciado do senso comum. Entretanto, ainda valendo-se do senso comum, Hume afirma o quão absurdo seria colocar em pé de igualdade autores de talento flagrantemente assimétrico. Em casos extremos, parece ser ululante que determinadas manifestações artísticas são superiores ou inferiores a outras, de modo que apenas os insensatos afirmariam o contrário. Este ensaio de Hume revela, portanto, o esforço em encontrar princípios gerais de aprovação e de censura subjacentes à grande variedade de gostos. Conquanto afirme não haver nenhuma regra de composição estabelecida a priori (p. 373), Hume