Semana de 22

80 anos
Um grito pelo futuro
Num país de cartola e fraque, voto de cabresto e exclusão, a Semana de 22 inaugurou uma furiosa busca pelo novo Participar da construção cotidiana de uma cultura com lugar entre as mais ricas e originais do planeta é um dever e uma alegria para ÉPOCA. Desde seu lançamento a revista apóia e promove atividades em grandes casas de cultura, como os teatros municipais de São
Paulo e do Rio de Janeiro. Nesta semana, através da presente edição especial, ÉPOCA inaugura seu apoio ao Museu de Arte de São
Paulo, o Masp, dando início às celebrações dos 80 anos da Semana de Arte Moderna de
1922.
Ato de rebeldia e de fé no futuro, a Semana vale muitas festas. Como se sabe, vários países ingressaram na modernidade pelos solavancos de revoluções políticas. Outros o fizeram através de reformas sociais. Pode-se dizer que a modernidade, no Brasil, foi
COMISSÃO
inaugurada pela Semana de 1922. Naquelas
Organizadores fecham a Semana de 22 com almoço no Hotel três noites de fevereiro, entre aplausos e
Terminus
vaias do Teatro Municipal de São Paulo, abrigo da tradicional elite paulista, um grupo de intelectuais de um país historicamente dividido deu um salto para colocar-se à altura de sua etapa histórica. Mostraram-se capazes de unir passado e presente, aristocracia e espírito democrático, herança e rebelião. O mundo das ruas começou a ser ouvido e homens simples do povo tornaram-se cidadãos de primeira classe. Num país de cartola, fraque e pince-nez, voto de cabresto e exclusão, a busca do novo converteu-se em uma fúria rara e saudável.
Examinados a distância, os homens e as mulheres de 1922 não diferem muito do retrato que deles faziam os contemporâneos mais jovens. "Meu pai e sua geração costumavam falar deles como loucos",
MODERNISTAS
recordava, bem-humorado, o crítico de teatro
René Thiollier (1) Manuel Bandeira (2) Mário de Andrade (3)
Décio de Almeida Prado, que ainda
Manoel Vilaboin (4) Francesco