Segurança Industrial

Diversas consequências sociais geradas por acidentes de trabalho se aplicam ao contexto do garimpo de Serra Pelada que concentrou mais de 40 mil trabalhadores, maior aglomeração depois das pirâmides do Egito. Inúmeras famílias, ainda hoje, mais de 30 anos depois, vivem uma realidade afetada por acidentes ocorridos a décadas atrás, uma vez que o marido e pai abdicava suas obrigações como provedor do sustento da família, para iniciar uma busca aurífera em plena mata amazônica. A grande maioria desses trabalhadores não retornavam com o devido lucro e quase sempre perdiam sua integridade física e se tornavam inválidos e já que o trabalho de “garimpeiro de serra pelada” era informal e ilegítimo, não havia previdência social que se aplicava à eles, afetando então toda a vida de sua esposa e filhos. Em 1983, 4 anos após a descoberta do maior garimpo do mundo, o alto índice de acidentes e a insalubridade extrema do trabalho chamou a atenção do governo que instalou postos de saúde e criou um “pseudo regulamento” que tornava o trabalho menos insalubre, proibindo o consumo de álcool dentro do garimpo por exemplo, mas ainda assim mortes, fraturas e esmagamentos continuaram a acontecer às dezenas todas as semanas. Hoje todos os sindicatos dos mineiros ao longo do país usam a história dessa “febre do ouro” como exemplo extremo na gestão do trabalhador.
“Eu nunca tive coragem de descer aquele buraco. Tinha mais de 180 metros de profundidade. Era uma multidão subindo e descendo as escadas. Elas eram chamadas ‘adeus, mamãe’ porque muita gente caia de lá. Aquilo era absurdo. As escadas tinham mais ou menos um metro de largura e muitos caras empurravam quem tava do lado só pra pessoa cair. No garimpo valia a lei do cão”, relata Sr. Henrique, ex garimpeiro que contraiu malária diversas vezes e trouxe na bagagem mais histórias do que ouro. Hoje, seu Henrique mora com a família na Cidade Nova, em Ananindeua, e é sustentado pelos irmãos e filhos pois o contato excessivo com mercúrio o