santo inquerito

Nos dias de hoje, falar de um assunto como a Inquisição, pode primeiramente parecer antiquado. Tantos outros assuntos como o modernismo, colonialismo, fazem tanto sucesso, porque buscar um tema tão no passado? Porém, parando para pensar, o único jeito de não cometer os mesmos erros é conhecendo a história. E assim, tentamos encontrar no passado, respostas para problemas que estão até hoje presentes e nos atingem diretamente. Eu, Dias Gomes, escrevi uma peça que gira em torno da ficção e da realidade. Falo sobre a prisão e a execução de Branca Dias, que eu escrevo sendo uma das personagens principais, pelo Tribunal do Santo Ofício. Ao criar Branca, eu não tinha em mente apenas escrever uma história como qualquer outra, eu tive como inspiração denunciar e abrir os olhos do povo para um grande problema no nosso passado, a perseguição dos cristãos-novos. Outra grande motivação foi trazer à tona um problema recente e existente no país: a opressão da ditadura militar no Brasil nos anos 60. Ambos os sistemas representaram um poder extremamente autoritário e centralizador. E infelizmente eu não podia somente escrever sem tentar enganar este sistema, eu tive que ir em torno do assunto para poder me expressar. Eu sou escritor, autor, não sou teólogo, essa não é minha área de especialização. No entanto, eu trago para a minha peça uma igreja dividida entre aquilo que deveria fazer e aquilo que faz. Eu acredito e luto por uma sociedade mais humana, justa, tolerante, onde o indivíduo possa desfrutar livremente em paz. Por isso publiquei este meu trabalho. A condenação de Branca Dias foi causada pela intolerância que aquela época tinha sobre a forma restrita de pensamento. Eu retratei a forma como as pessoas se comportavam em relação aos outros em um sistema que as obrigavam a ser exatamente como deveriam ser, onde tinham que confessar e denunciar. Muitas das vezes essas confissões e denuncias não vinha por livre vontade, eram arrancadas por meio de