Rousseau

Em relação ao pensamento do autor, encontramos alguns pontos sobre os quais há críticas e discordâncias. Entre eles o “mito do bom-selvagem”, pois Rousseau considera o homem em estado de natureza um ser bom, movido pelo amor próprio, mas não egoísta como se tornou com o desenvolvimento das sociedades, explicando como adquiriram certa ideia de compromisso mútuo e das vantagens de respeitá-los. Mas, nesse estado de natureza, as preocupações do homem, acerca da sua sobrevivência são muito mais simples e não tão inerentemente competitivos como a busca pelo poder em sociedades mais sofisticadas. Deste modo, não haveria como comparar análises sobre os sentimentos e comportamentos do homem, sendo que as circunstâncias contextuais eram completamente diferentes.

Outro assunto abordado na obra de Rousseau que dá espaço para críticas é sobre o conceito de vontade geral. Para o autor a melhor forma de governo seria uma associação, um corpo moral e coletivo com o povo soberano, representada pela vontade geral, que é diferente da vontade de todos, pois representa os interesses comuns a todos e não todos os interesses particulares somados. Para isso o povo precisa ser suficientemente informado e os cidadãos não poderiam ter qualquer comunicação entre si, para que não ocorra a formação de facções ou associações parciais.

Neste sentido, a organização da sociedade proposta por Rousseau não parece ter muita aplicabilidade às sociedades em geral, tanto da época como da atualidade. Mas sobre esse ponto, o próprio autor diz que não podemos especificar uma única forma de governo como apropriada em todas as circunstâncias.

Contudo, pensando na teoria da vontade geral, concluímos que não há espaço para as minorias dissidentes. Uma vez que cada cidadão toma decisões para o bem comum porém nem sempre o bem comum está de acordo com as necessidades de alguns, e um cidadão num estado rousseauniano dá o consentimento à todas as leis, incluindo àquelas que são passadas apesar da sua