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Mana
Print version ISSN 0104-9313
Mana vol.11 no.1 Rio de Janeiro Apr. 2005 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93132005000100013 RESENHAS
Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti
Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia / IFCS / UFRJ
SAHLINS, Marshall. 2003. Cultura e razão prática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 231pp.
À primeira vista, nada mais real do que "o mundo". Em sua dimensão material, o mundo é fatual e, através da História, impõe-se, como diria Marx, com peso opressor sobre nossos cérebros. Esta é a voz da razão prática, primeiro interlocutor do debate trazido pelo clássico de Marshall Sahlins agora re-editado. Ocorre que a existência dos seres humanos que habitam esse mundo depende de complicadas sociedades e, com elas, de um novo reino que tudo modifica: a cultura, o outro interlocutor do debate proposto. Sua voz variada parece mais frágil, sugerindo uma dimensão interior à relação estabelecida entre o homem e o mundo. Essa fragilidade é, entretanto, apenas aparente. Escrito no contexto da controvérsia entre o marxismo e o estruturalismo que atravessou as décadas de 1960 e 1970, o livro é uma veemente defesa de um conceito antropológico de cultura.
Com rigor acadêmico e fino senso de humor, os argumentos desdobram-se em dois planos. De um lado, "razão prática" e "cultura" são noções polares, agregadoras de posições diversas dentro da antropologia e das ciências humanas em geral, num leque temporal que, inaugurado no século XIX, atravessa todo o século XX. De outro, busca-se a superação do dualismo proposto como ponto de partida. Conforme o debate percorre as arenas intelectuais definidoras de seus próprios termos, delineia-se com força crescente a posição do autor, de base estruturalista: a razão simbólica é a qualidade específica da experiência humana, aquela

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