Resumo: Perspectivas e desafios para o jovem arquiteto no Brasil. Qual o papel da profissão? (João Sette W. Ferreira)
Sob a visão do autor, o arquiteto, e mesmo o estudante, sonha com um mercado elitizado de projetos autorais voltados para um pequeno grupo de alta renda. O endeusamento da profissão do arquiteto, principalmente mostrado nas capas de grandes revistas sobre o assunto, leva a crer que a arquitetura autoral é o único ramo de prestígio da profissão. Assim, todo o estudante e profissional acredita que pertencer ao Olimpo de arquitetos é o único meio de garantir sucesso e realização.
Com essa visão, a arquitetura social é deixada de lado, vista principalmente como algo que não vale a pena ser feito. Assim, grande parte da população vive de maneira precária, sem ter nenhum acesso à arquitetura de qualidade. O mercado imobiliário de hoje, mesmo o voltado para as classes menos abastadas, visa basicamente o lucro, verticalizando, cobrindo o solo, murando os empreendimentos em verdadeiras prisões e renegando a própria cidade.
Os arquitetos, porém, não são os únicos culpados pela elitização e pelo crescimento acelerado e sem planejamento. A sociedade em geral, as universidades e o governo aceitam e contribuem para esse estado crítico em que vivemos hoje.
Em programas como o Minha casa, Minha vida, voltados para a classe baixa, a importância da arquitetura é desconsiderada. Assim, o mercado popular deixa de incorporar a qualidade arquitetônica na hora de construir os grandes empreendimentos. Vemos portando uma "arquitetura" medíocre que basicamente carimba o mesmo prédio ou a mesma casa em diversas localidades, sem se adequar a questões únicas de cada lugar.