Resenha O Carteiro e O Poeta
O "Carteiro e o Poeta" é um filme que retrata um período conturbante, de forma sigilosa e quase imperceptível. Uma relação que desafia a época, onde obstáculos sociais limitariam uma amizade entre pessoas de situações financeira.
A rotineira tarefa de entregar as cartas ao poeta (Pablo), levava alegria e experiência a um jovem pescador (Mário) que ansiava pelo conhecimento e se mostrava insatisfeito com a condição precária em que se encontrava. Seu novo emprego (e a rotina), foi o incentivo que precisava para uma significativa mudança interior.
A cena onde Mário conhece Pablo, a expectativa gerada àquele momento pelo carteiro, assim como o diálogo inteligente, demonstra com clareza o diferente estilo de vida e, sucessivamente, comportamento que cada um demonstrava devido a suas "bagagens".
O filme corre com metáforas e falando sobre metáforas. O carteiro, admirado pela sabedoria do poeta, passou a contar com sua ajuda para conquistar seu recém-descoberto amor, Beatrice. A partir deste momento, o poeta aprende através do autruísmo, as vantagens de usar seu dom e conhecimentos em benefício de alguém além de si próprio.
As sutilezas expostas em diálogos e boas atuações, inspiram um cenário claro e simples. O figurino, trazendo um carteiro com roupas sujas e certamente de baixa qualidade, contrastando com um poeta vestido com classe e elegância, evidencia a diferença entre classes sociais.
Entre histórias de exílio, críticas ao comunismo, e uma verdadeira amizade, percebemos que a conexão entre dois seres humanos reflete no meio social, de forma abrangente.
Apegando-se ao simbolismo, e com ele, transmitindo um forte conceito sobre valores e conhecimento, vemos que uma amizade pode transformar não só costumes pessoais, como padrões sociais. A ligação entre o carteiro e o poeta simboliza uma mudança visionária para a sociedade, sendo a sociedade, nada mais do que o próprio poeta e o carteiro.
IMPORTÂNCIA DAS FIGURAS