Resenha do texto “Roberto Burle Marx e a nova visão da paisagem”, de Flávio L. Motta

Universidade de São Paulo
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Programa de Pós-Graduação
AUP 5882 – Paisagem e Arte - Intervenções Contemporâneas
Profª. Drª. Vera Pallamin
Prof. Dr. Vladimir Bartalini
Aluna Mestrado: Lícia Cotrim Carneiro Leão
Outubro de 2008

Resenha do texto “Roberto Burle Marx e a nova visão da paisagem”, de Flávio L. Motta

Motta inicia seu estudo situando a vida e a obra de Roberto B. Marx no contexto da modernidade. O autor envidencia a expansão que a Arte Moderna promoveu no campo do pensamento e da criatividade ao explorar a materialidade, a consciência do fazer, a desalienação da técnica e a desmistificação dos meios. Essa reavaliação libertária que o Moderno fez dos cânones das artes trouxe a reboque uma revisão crítica da própria sociedade, ampliando e aprofundando a sua capacidade de “leitura” e entendimento da realidade na qual estava inserida. A modernidade passa a ser marcada por um interesse pelas “remotas conquistas da História e também as contribuições dos povos e gentes, tidos como “marginais” dessa mesma História.”

A obra de Burle Marx reflete essa forma aprofundada de “ler” o mundo que o tornou capaz de sintetizar uma visão paisagística muito particular resultante do atrito entre a herança científica e artística européia e o conhecimento dos povos que habitavam a América antes mesmo do seu descobrimento.

Flavio Motta coloca como fundamental o conhecimento adquirido por Burle Marx nas suas excursões pelos ecossistemas brasileiros e nos contatos com os povos indígenas para o seu entendimento da paisagem, da botânica e para sua aproximação com a ecologia. O paisagista ao trazer esse conhecimento adquirido para o meio urbano, se preocupa com o papel didático que o seu trabalho poderia ganhar. “Burle Marx sabe que retirar uma planta da floresta e levá-la para um jardim ou coleção, é retirá-la do anonimato da mata, trazê-la para perto das pessoas e proporcionar o seu conhecimento dentro da escala urbana”.

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