RESENHA DO FILME A HISTÓRIA OFICIAL

O filme “A História Oficial” (1985) é deslumbrante, mostra de forma dramática um dos períodos mais turvos das últimas décadas na Argentina. Na Buenos Aires dos anos 80, Alícia e seu marido Roberto vivem tranquilamente com Gaby, sua filha adotiva. Porém, após o reencontro com uma velha amiga recém-chegada do exílio, Alícia começa a tomar conhecimento da cruel realidade do regime militar argentino, passando a questionar todas as suas certezas e o que considerava como verdade. Uma realidade para a qual Alícia não estava preparada, mas que teve de enfrentar com todas as suas consequências. Esse filme é um dos mais importantes do cinema político mundial, “A História Oficial” é vencedor de vários festivais de cinema internacionais, incluindo o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, além da Palma de Ouro de Melhor Atriz para Norma Aleandro.
O filme principia com uma frase impactante: “A História é a memória dos povos”. A película aborda sobre uma das ditaduras militares mais atrozes do continente, em que se contabilizaram em torno de 30 mil argentinos foram sequestrados até o fim do regime, segundo estimativas de grupos de direitos humanos. A frase é dita por uma professora conservadora chamada Alícia, que foi mãe de uma menina adotada, casada com Roberto, o diretor de uma empresa que possui articulação com o regime militar. Na vida dos personagens precípuos vão existir inúmeras contradições. Eles representam uma família burguesa sem grandes dilemas, mas depois vão surgindo inúmeros problemas originados de uma mentira. A história oficial que marca a vida dos personagens vai descortinar aquilo que não se encontra nos livros. Alícia tem uma amiga que regressou após passar alguns anos no exílio, e isso fez com que Alicia tivesse algumas dúvidas sobre a origem do bebê que seu marido lhe trouxe quando ficou patente a sua esterilidade, pois a amiga de nome Ana conta os detalhes de seu cárcere, os momentos de tortura e como muitas mulheres tinham filhos em cativeiro e acabavam