relação que o positivismo estabelece entre ciência, técnica e sociedade.

O positivismo é uma fundamentação filosófica do projeto industrialista que recusou tanto a metafísica iluminista da subjetividade – centrada no eu e na racionalidade individual – como o liberalismo burguês – calcado na noção de liberdade do indivíduo. O positivismo é uma filosofia centrada no nós, isto é, nos homens inseridos num contexto social, econômico, histórico; não mais no eu da abstração metafísica, no sujeito iluminista ou no indivíduo liberal. No entanto, esse nós positivista não leva em conta a alteridade presente na multiplicidade presente no conjunto; ao contrário, apenas uniformiza o grupo para controlá-lo em prol da tecnologia, que passa a ser considerada como a causa principal das mudanças na sociedade – em detrimento dos homens. A técnica é mais fundamental que o ser humano, torna-se fim, não mais meio. A filosofia da sociedade industrial está centrada no sujeito coletivo e produtor e não mais no sujeito cognoscente cartesiano. (RIBEIRO, 2013, p. 9). Sujeito coletivo enquanto produtor. Um dos idealizadores do positivismo, Saint-Simon, afirmara que a sociedade como um todo está baseada na indústria. A indústria é a única garantia da sua existência e única fonte de toda a riqueza e prosperidade. A situação que for a mais favorável para a indústria será, pois, a mais favorável para a sociedade. (Ibid.). Ora, tal industrialismo acabou por provocar um deslocamento da atividade científica percebida como investigação teórica e especulativa para o campo da aplicação na produção industrial. O engenheiro ou o politécnico adquiriram, nesta sociedade, um enorme prestígio. Da mesma forma, as universidades passaram a ser crescentemente pressionadas para vincularem suas pesquisas científicas às necessidades da indústria. As pesquisas científicas foram, então, determinadas, em grande parte, pelas forças produtivas da sociedade, isto é, pela economia. A ciência-técnica tornou-se parte integrante e indispensável da atividade econômica. Na medida em que a