Redação separação moderna

A democracia é pra diferentes? As primeiras cidades surgiram na Mesopotâmia e estão intimamente relacionadas ao fato de que o ser humano é um ser sociável. Contudo, interessante é notar o paradoxo existente no convívio social: enquanto há a necessidade de relacionar-se, há também a necessidade de escolher com quem fazer isso. E assim são criados os muros reais e abstratos que restringem, segregam e limitam. Vidros fechados de automóveis, carros blindados, muros altos, câmeras de segurança, cercas elétrica são as provas concretas da limitação imposta ao estranho, da fortificação pretendida para segurança, da intimidação à aproximação não convidada. De uma maneira mais sutil, contudo de mesmo efeito separador, é a exclusão imaterial. Um olhar repreensor, um gesto de desgosto, o evitar de cruzamentos, são paredes invisíveis colocadas entre as pessoas. Talvez, por motivação de diferença cultural, intelectual, social, etc., são exclusões e são expressões do preconceito. Não sendo diferente, o Brasil tende como país emergente, tardio em aderir à Revolução Industrial, carregar as marcas que tal motivação histórica lhe imprimiu: antagonismos sociais, déficit em saúde e educação, que acabam acarretando criminalidade e diferenças nos mais dinâmicos setores de nossa sociedade. E são justamente esses fatores que desencadeiam o receio do estranho e da proteção ao aparente perigo. Estamos dispostos a reverter esse quadro? Escolhemos quem faz leis e projetos para melhorar a saúde, educação, que acabam levando à uma melhor qualidade de vida, e consequentemente a uma vida com expressão e opinião. Somente com formação cultural aprenderemos a amar as diferenças e seu dinamismo. Somente com acesso igual à dignidade estaremos mais seguros de rebeldes. Será que com o tempo deixamos de ser seres sociáveis e preferimos isolar-nos em nosso próprio mundo?