Redação fuvest 2009

Redação Fuvest 2009
Por Larissa Macellari
A obra de arte é um produto cultural de uma determinada época. Propositalmente ou não, ela retrata a sociedade na qual se originou, e a arte pós-moderna, em especial, costuma ter o intuito de provocar reflexão. Foi o que aconteceu na cidade de São Paulo em 2004, quando uma catraca enferrujada apareceu em um pedestal no largo do Arouche. Diante da perplexidade geral, o grupo “Contra Filé” assumiu a autoria do ato e afirmou que “a catraca representa um objeto de controle biopolítico do capital e do governo sobre as populações”.
O “programa para descatracalização da vida” por eles desenvolvido é pertinente ao abordar as forças visíveis ou não que controlam a sociedade ocidental. Mesmo em uma democracia, as liberdades são apenas aparentes.
Desde o final do século XVIII, a função de um governo não mais era conquistar territórios, e sim assegurar a vida humana. Para isso, as condutas individuais foram disciplinadas
(biopolítica) e a vida (biopoder) planificada em nome das liberdades e das condições vitais da população. Focault compreende que as intervenções políticas estatais, à medida que a vida se tornou um objeto político por excelência, tornaram-se mais violentas, pois para preservar e intensificar a vida do “vencedor”, o “inimigo” tem que ser exterminado.
Foi como gestores da vida e da soberania dos corpos e da raça que tantos regimes puderam travar guerras, causando a morte de tantos homens, assim como em intervenções que apesar de humanitárias, são bélicas, reforçando-se o paradoxo da biopolitica. Ações radicais como estas, nas ultimas décadas, paulatinamente dão a outras formas de controle, mais flexíveis e sutis, exercidas por meio das leis de mercado globais, da linguagem, da estética, entre outras formas. O biopoder (e consequentemente, a biopolitica) é iminente ao liberalismo, já que esse gere e organiza as condições graças as quais pode-se ser livre. A tendência é que o avanço do
mercado,