Recursos Genéticos Campestres

ARTIGO DE REVISÃO
Recursos Genéticos Forrageiros: Aspectos Ecológicos e produtivos1
Marcelo B. Sarmento2

RESUMO
Os campos sulinos, recentemente denominados de Bioma Pampa, constituem-se em um dos mais importantes Biomas mundiais pela sua diversidade genética de espécies vegetais e animais. Neste Bioma, espécies vegetais herbáceas e lenhosas tanto de clima tropical como temperado convivem em harmonia em um mosaico genético riquíssimo e pouco valorizado no Brasil. A vegetação campestre também ocorre em outro continentes (África, Ásia, Oceania), entretanto, é no Bioma Pampa que ela encontra-se em melhor estado de conservação, constituindo-se também na base da produção agropecuária do Sul do Brasil, Uruguay e Argentina. Este artigo objetiva discutir a diversidade vegetal no Pampa, as principais gramíneas e leguminosas nativas e os aspectos ecológicos e produtivos como base para um desenvolvimento sustentável deste importante Bioma.

Palavras-chave: campos sulinos, biodiversidade, vegetação campestre, melhoramento genético.

Histórico dos campos
Os campos são ecossistemas naturais que já existiam quando aqui chegaram os primeiros grupos humanos há cerca de 12 mil anos, conforme nos revelam evidências obtidas a partir da análise de pólen e partículas de carvão em sedimentos (Behling et al. 2004, 2005).
Em função do clima mais seco provavelmente apresentavam uma composição de espécies um pouco diferente da atual, mas eram em essência ambientes de pradarias com predomínio de gramíneas. Há cerca de 4 mil anos antes do presente teve início a expansão natural das florestas a partir de refúgios em vales profundos, formando em algumas regiões, como no Planalto, maciços florestais e florestas ripárias, indicando mudança para um clima mais úmido, semelhante ao atual, mas a paisagem do Rio Grande do Sul manteve-se predominantemente campestre. Logo, os campos não se originaram pelo desmatamento, fogo ou pastejo, como alguns erroneamente podem pensar.