RECIFE HOLANDESA

No século XVII o Brasil refletia nas residências a estrutura cultural e social da sociedade portuguesa, que mesclou com costumes indígenas e africanos, sendo essa amalgama sociocultural a origem de uma tipologia arquitetônica repetida em todas as cidades de vilas do período colonial, inclusive Recife, com casas que quase sempre ocupavam as testadas dos lotes e davam contornos as ruas e vielas que se formavam, lotes estreitos e com grande profundidade. As plantas normalmente se repetiam apresentando a mesma divisão: trabalho/social, uso restrito (dormir) e serviços; Em geral, a forma original das residências portuguesas foi mantida; porém, em alguns casos, a planta foi alterada em relação à localização original das cozinhas, que foram aqui instaladas nos fundos, fora da edificação nas casas térreas, ou nos sótãos dos sobrados, sendo justificável essa mudança coma presença dos escravos. O Brasil tinha como principal atividade os engenhos monocultores da cana de açúcar pelos escravos e sua arquitetura acompanhava os fatores econômicos, com residências rurais com divisões em três edifícios principais: casa grande, senzala e engenho.
Simultaneamente na Holanda neste mesmo século, já havia criado a Companhia das Índias Ocidentais com finalidade de expandir seus domínios além-mar na África e América. Comandando por Diederik van Waerdenburch 56 navios holandeses chegaram à Olinda fevereiro de 1630 e tomaram rapidamente a cidade, já que não havia muita resistência portuguesa disponível. Logo após partiram para Recife e após também conquistar a cidade, receberam o reforço de cerca de 6 mil homens enviados para auxiliar na defesa da área conquistada e expandir os domínios.
Johan Maurits van Nassau-Siegen, mais conhecido pelos brasileiros como Maurício de Nassau, ocupou o cargo de governador, capitão e almirante general do Brasil em nome da Companhia das Índias Ocidentais. Procurava sempre conciliar os interesses holandeses com os comerciantes e senhores de engenho locais,